Não tem como falar em educação sem deixar de associá-la a tecnologia.
“Quando praticamos o ensino e aprendizagem da arte na escola surgem também questões que se referem ao seu processo educacional. Uma delas diz respeito ao posicionamento que assumimos sobre os modos de encaminhar esse trabalho em consonância com os objetivos de um processo escolarizado que atenda às necessidades de cultura artística no mundo contemporâneo”. (Ferraz e Fusari (1993: 15):
Os inventos da era industrial, como o cinema, o impresso, o rádio, já foram portadores diretos da popularização da arte. Foram invenções artísticas que possibilitaram de certa forma que o corpo vivenciasse e se deslocasse a sensações antes não experimentadas.
Neste sentido já se percebe como elementos de linguagem visuais, como formas, cores, espaços, relacionam-se com o pensamento e se conectam os fenômenos vitais.
Atualmente, o início do século XXI, está sendo marcado por uma violenta mudança na vida das pessoas. Todo o mundo passa pelas tecnologias: a religião, a indústria, a ciência, a educação e como não pode deixar de ser, a Arte. Uma educação competente pressupõe o uso e reflexão sobre novas linguagens.
As relações da arte, ciências e tecnologia são determinantes para se compreender o fenômeno artístico atual.
Na tecnologia moderna há uma complexidade e amplitude que possibilita uma intensidade de situações inovadoras que permite ações imediatas de participações e trocas entre artista-obra-espectador. A humanização das tecnologias constitui numa qualidade perceptiva e um domínio mental tanto do autor como do público.
Na arte tecnológica, o artista opera com a dimensão sensível de sistemas artificiais com o seu pensamento oferecendo através da arte momentos sensíveis de natureza diversas de experiências entre o mundo natural e a era tecnológica.
O uso da Internet aproxima a arte do público, oferece trocas de informações imediatas, produzindo e impulsionando em escalas planetárias, aproxima o público dos trabalhos e artistas, produções interativas, imprensa, museus virtuais, galerias em viagens virtuais.
Como diz Domingues, estamos vivendo uma era do pós-humano, do pós-biológico. A máquina, criação humana tornou-se sobe humana, inaugurando a era do corpo pós-biológico, isto é, ela possibilita a criação de personagens híbridos, metade humana, metade computador acoplados ou não ao corpo humano permitindo que órgãos sensoriais vivenciam situações antes não experimentadas, novas sensações e sentimentos. É uma arte de participação que obriga o espectador a tomar decisões no comando de ações mentais envolvendo vários sentidos e levando o corpo a experimentar sensações híbridas com as tecnologias.Possibilita ao espectador a modificar idéias propostas pelos artistas através de interações diretas adquirindo novas descobertas e abandonando a produção artística centrada a uma pura visualidade, possibilitando experimentos sensíveis na arte em tempo real.
A tecnologia interage com o sistema biológico que se conecta ao artificial e os processos mentais permitindo a propagação de auto-imagem, da identidade a partir de situações vivenciadas com a máquina oferecendo troca e descobertas novas.
Apesar de ser um relacionamento homem-máquina, não podemos deixar de perceber a sua ligação com a sensibilidade e a poética que esta nova linguagem podem causar, e logo não perder o sentido de ser também portadora de aspectos sensíveis na educação.
O fato da linguagem computacional gerar e modelar animações, e visualizações, gerando vida artificial em animais, seres, criação de ambientes numa realidade virtual, substituindo todo e qualquer aspecto presente no mundo da matéria, em forma de sons, formas, textos, que são possíveis de serem remodeláveis em qualquer momento e situação, aplicando neste contexto aspectos psicológicos, sociológicos, biológicos, é um fato direto de apresentar e se perceber a sensibilidade humana interagindo com o maquinário moderno.
“a velocidade dos processadores, a capacidade de armazenar informações, os sistemas interativos que entendem sinais naturais fazem com que as tecnologias numéricas contem com computadores cada vez mais biológicos e com interfaces com sensibilidade mais humana, o que aponta para uma vida com as tecnologias se naturalizando e o corpo se tecnologizando” (DOMINGUES, org., 2003, pp. 110-111).
Acabasse, então, com as verdades acabadas. A arte se torna um reflexo, e transformações no tempo, em desordens, reordenações. Somente a tecnologia permite ganhar essa movimentação com forças invisíveis, transpor camadas de som, luz, colocando aos olhos e nas mãos do homem tantas ampliações no campo da percepção. O espectador deixa de ser passivo, participa e se confunde com o autor. A obra existe enquanto acordada pelo público.
A arte tecnologia deve ser vista como um a arte de interação e participação, de partilha, que reorganiza sensibilidades, trocas, circulando com uma linguagem própria que supera a arte pura, enfatiza mudanças, metamorfose em tempo real. E a Educação em Arte deve estar aberta para não ser apenas uma forma técnica de educação.
Referências Bibliográficas
DOMINGUES, Diana (org.) A Arte no século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: UNESP, 1997
Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP, 2003.
FERRAZ, Maria Heloisa e FUSARI, Maria F. Metodologia Do Ensino Da Arte. São Paulo: Cortez, 1993.
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