A educação formal deve no contexto do mundo contemporâneo levar em conta toda a complexidade tanto do homem, como da sociedade. Os atores responsáveis pela sua execução devem ser reflexivos e críticos a ponto de poder usar ela como meio de transformação de nossa realidade, introduzindo um novo modo de pensar, sobre todas as relações existentes em nosso planeta. Nosso mundo demanda por um novo desafio no que diz respeito à educação: sensibilizar os homens, para que a sociedade seja realmente justa.
Apesar de se tratar de contemporaneidade, essa busca vem desde tempos remotos de nossa humanidade.
“Sócrates sabe que o novo saber, o novo conhecimento que ele preconiza será concernemente ao homem e não as estrelas, e que ele começará pelo próprio homem e não pelos objetos do mundo, o homem aqui considerado será certamente concreto, se tratará de camponeses e artesãos, artistas e pensadores, militares, magistrados, mulheres e sacerdotisas também.” (Misrahi, abud Rios, 2002, p. 149)
O novo saber deve protagonizar sobre o Homem. Para poder formá-lo é preciso antes de qualquer coisa conhecê-lo, ou ainda se autoconhecer. Devemos retornar a observar nossos pensamentos, idéia, emoções e anseios.
O ser humano é um ser complexo. Todas as suas emoções, sentimentos e ações são frutos de experiências adquiridas pela suas relações pessoais, vínculos e formação. É um todo fragmentado em partes, entendê-lo em sua complexidade pressupõe relacioná-lo com o seu meio, condições econômicas, política, psicológica, afetiva, mitológica, etc ou seja, a concepção global. Toda complexidade deve estar envolvida na realidade. Em seu interior há ilusões e erros. O Homem acaba sendo a soma de vários eus, uma identidade instável, onde cada indivíduo vê o mundo de forma subjetiva, sem deixar de ser um todo social.
Nossa sociedade é formada por estes tipos de indivíduos. Somos um espelho de todas essas considerações apontadas, somos seres diferenciados que carregamos essas bagagens interiorizadas de forma semelhantes, somos seres que constratamos em nosso interior, que confrontamos idéias, pensamentos e sentimentos que se afrontam e nos trazem atritos particulares, cotidianamente. E com essa mentalidade, sem nos conhecermos e meditar sobre o que somos formamos algo muito mais complexo, a sociedade. Uma sociedade reflexo de seus cidadãos.
A sociedade que queremos formar é outra muito diferente da que estamos habituados a viver e a se conhecer historicamente. O homem tem buscado uma sociedade que também tenha uma essência, e que nessa essência encontre a felicidade. Felicidade adquirida por um conjunto de relações homem-homem, homem-natureza, homem-sociedade, mais justa e digna, não diferente do que pretende encontrar dentro de si mesmo. A sociedade que almejamos a muito tempo é uma sociedade que tenha por fim a felicidade planetária. Com indivíduos solidários, participativos e sejam conscientes de si mesmos, de seu lugar no mundo e de suas responsabilidades perante a natureza e a sociedade organizada. E, que encontre em sua forma de participar dessa sociedade o prazer de dela pertencer.
Mas, a consciência social que encontramos atualmente é uma consciência insensível presente ns relações homem-homem, homem-mundo. O homem está muito longe de estar caminhando em direção ao que realmente almeja interiormente, ele tem se comportado de forma indiferente, andando pro lado oposto ao que realmente deseja concretizar. Isto tudo é reflexo de sua falta de auto- conhecimento, de se compreender no seu mundo e de percebê-lo como parte de sua felicidade tanto no âmbito pessoal como no coletivo.
Compreender-se é, portanto, a finalidade primordial da comunicação humana. Comunicação subjetiva, comunicação inter-relacional, comunicação com a natureza, comunicação com a sociedade. Compreender é um processo tanto intelectual quanto sentimental, pressupõe inteligência e sensibilidade.
“Já aqui se aponta uma necessidade de superação da dicotomia que se faz entre razão e sentimento (...) É preciso resgatar o sentido da razão que como característica diferenciadora da humanidade, só ganha sua significação a articulação com todos os demais “instrumentos” com os quais o ser humano se relaciona com o mundo e com os outros – os sentidos, os sentimentos, a memória, a imaginação.” (Rios 2002, pp.44 e 45)
Entretanto, estas idéias estão ausente na educação. Não cabe a educação considerar apenas saberes e aptidões, Não há uma compreensão que abranja todos estes conceitos. É urgente a necessidade de uma reforma educacional que atenda a estas perspectivas. Que busque respostas e soluções através de meditações introspectivas profunda.
“Não podemos nos furtar a essa projeção para o futuro, pos que o ato de educar engendra esse fator de construção, conquanto seja o homem o projeto de si mesmo. Somos antes de mais nada, construtores de sentidos, porque, fundamentalmente, somos construtores de nos mesmos, a partir de uma evolução natural”. (Cortella, 1988, p.32)
Cada indivíduo vê o mundo de forma subjetiva, forma esta que se estrutura em sua mente. Apor isso, a reforma da mentalidade, ou seja, do pensamento é vital.
A mente humana aspira por mudanças drásticas. O homem que o mundo demanda formar é um homem sensível, reflexivo, crítico e atuante. Um homem que reaja contra a desumanização. Um homem com valores éticos, capaz de usar de empatia e olhar para o mundo com olhos apaixonantes. Formar o homem que apesar de sua liberdade, seja responsável, com compromissos sociais, que seja participativo na sociedade, e esta por sua vez, então, sim, se tornará mais justa.
A educação pressupõe primeiramente reformar o pensamento. Por isso, é importante entender a mente humana.
Referências Bibliográficas
CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos. São Paulo: Cortez, 1999.
MORIN, Edgar. . Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.
RIOS. Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1999.
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