domingo, 3 de maio de 2009

Aprendizagem pela Arte

Existe uma grande necessidade de buscar significados sociais, as pessoas vivem alienadas e o ensino se instala sem uma mediação entre o sujeito que a prende e o conhecimento.
Fatos sociais são encarados de forma diferente pelos seres humanos, devido a subjetividade de cada ser.
Para Vygostky, a aquisição do conhecimento supõe funções psicológicas como a linguagem, imaginação, atribuição de significados, construção de sentido. Neste contexto a aprendizagem da arte exige-se pensamentos complexos. Compreender e produzir arte desenvolve estratégias intelectuais como análise, inferência, resolução de problemas entre outras, potencializa a habilidade manual, desenvolve os sentidos e a mente, ou seja, as capacidades de interpretar, compreender, representar, imaginar.
A arte contribui para justificar a sociedade.
A arte industrial considera as habilidades e contribuem para o desenvolvimento dos pais na economia, ela acompanha paises mais desenvolvidos, no âmbito moral, ela favorece o cultivo da vida espiritual e emocional, expressando sentimentos e emoções do mundo interior.
“Através da arte, pela fruição de objetos ou situações criados e presentados-representados pelo artista (...), os indivíduos podem, no ato de presenciar o novo, apreender uma nova visão de mundo; esse experimentar/ver amplia-lhes a consciência da realidade, enquanto simultânea e dialeticamente podem se ver, tornarem-se observadores de si próprios vivendo essa situação – ou seja, ao mesmo tempo em que mergulham numa realidade até então inusitada, pelo distanciamento e reflexão sobre seu próprio pensar e sentir ensejam em si próprios uma ampliação tanto da consciência como da autoconsciência” (PEIXOTO, 2003, p. 56).

Peixoto deixa claro o papel da Arte na própria apreensão da vida, é na Arte que o aluno vê a possibilidade de ver as várias faces do mundo, de perceber como as visões e comportamento diferenciadas de cada sujeito em cada situação se comporta o que abre sua consciência para uma reflexão critica, colaborando para o seu desenvolvimento integral e como cidadão.
Através da arte crianças desenvolvem a percepção visual, a observação, analisa e desenvolvem habilidades criando, comunicando e produzindo imagens, sustentando assim a racionalidade.
Histórica e culturalmente as artes, e os artistas manifestaram a cultura de sua época e de seu povo. A Arte é uma cultura visual.
Compreender a educação de Artes requer conhecimentos interdisciplinares com abordagem de diferentes culturas de outras épocas e lugares para favorecer a interpretação e a realização de produções, como conhecimento de si e do mundo. Uma estrutura transdisciplinar atitudes de relação, interpretação, critica e um processo de aprendizagem constante.

“Quando o artista está vivo em qualquer pessoa, qualquer que seja o seu tipo de trabalho, ela se torna uma criatura inventiva, pesquisadora, ousada, expressiva. Torna-se interessante aos olhos de outras pessoas. Perturba, agita, esclarece e abre o caminho para uma melhor compreensão. Quando aqueles que não são artistas estão procurando fechar o livro, ele o abre e mostra que ainda há um grande número de páginas possíveis. (HENRI, apud EDWARDS, 1984, p.17).

A Aprendizagem da Música, da dança e do teatro e suas relações com as sensações
Braga, em seu artigo Arte e sensação: A natureza sintética da sensação na experiência artística segundo Gilles Deleuze, enfatiza como a Arte envolve os sentidos, a emoção, e a sensação. Os nossos sentidos em contato com uma cor, um gosto, um toque, um odor, um ruído, um peso, instantaneamente causa uma sensação.
No caso da música, o ser humano antes mesmo de começar a falar já desenvolve um pensamento musical, através de sons e silêncio articulados desenvolvendo a linguagem musical. Ela é a forma mais antiga expressão. Ajuda a diminuir as barreiras da palavra. Na aprendizagem, el desenvolve capacidades, habilidades e competências.
“A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”. FARIA (2001, p. 24),

Segundo Braga, o ritmo coloca uma sensação de Devir, colocando o ser num terreno de fluxos descodificados, desmaterializados. Como já citado no primeiro capítulo, Betty Edwards, utiliza-se da música apropriada para diminuir o ritmo cerebral e ajudar o lado direito do cérebro, estimulando a liberdade de sensações para efetuar trabalhos artísticos.
Jandot, também fazer referência a música relacionando-a a aspectos sensoriais. O som que chega aos nossos ouvidos na forma de ondas, as sensações psicológicas abstratas causadas pelos ritmos, transforma numa linguagem emocional e pré-verbal que leva os seres humanos a se comunicarem entre si e até com o próprio universo, uma vez que alguns autores como Pitágoras, em sua obra A Musica das Esferas, O Grito dos Animas, de Darwin, explicam o surgimento da música através do movimento dos planetas no espaço.
A música deve ser entendida e ensinada, não só por ser um patrimônio da humanidade. A escola deve incentivar trabalhos onde propicia ao aluno o aprender a ouvir, perceber, descobrir, imitar, repetir sons e estimulá-los a fazerem suas próprias pesquisas sonoras, desenvolvendo a capacidade de sentir, viver e de apreciá-la.
A dança além de carregar elementos históricos, culturais e sociais, ela permite um tipo diferenciado de percepção e compreensão do mundo. É uma forma de conhecimento que envolve a intuição, a emoção, a imaginação e a capacidade de comunicação, além da memória da interpretação da análise, da síntese e da auto crítica, aprendizagem de atitudes e valores.
Artística e esteticamente, através de nossos corpos aprendemos a nossa identidade, ou seja, ela auxilia no autoconhecimento. Ela permite explorar, experimentar, gestos e movimentos corporais, sensações e sentimentos num processo de livre expressão.
Portinari, em História da dança, menciona o surgimento da dança na pré-história, quando os homens batia os pés ritmicamente para aquecer e se comunicar. Já nos primórdios já se tem o conhecimento de sua quanto a harmonia do corpo e espírito.
A educação dramática se refere ao processo de vida, e uma forma de comunicação e de linguagem, onde situações imaginárias desenvolvendo a sensibilidade para relacionamentos pessoais, liberação emocional, o ato de imitar acomoda dentro da estrutura cognitiva, interiorizando saberes, relações, significativos tanto nos aspectos lógicos, sensorial e emocional.
O teatro tem grande importância por ser uma maneira de levar o aluno a se autoperceber, auto-reconhecer, se autodescobrir. O aluno fica mais perceptivo, além disso, contribui pra a formação de idéias, emoções e sensações. No jogo dramático, o trabalho emocional, a memória e a empatia também são trabalhadas, contribuindo para a formação de seres mais responsáveis tanto com eles próprios como com o grupo, por adquirirem autodisciplina..

“O teatro nasce quando o ser humano descobre que pode observar a s mesmo, ver-se em ação. Descobre que pode ver-se no ao e ver...” (BOAL, 1996, p. 27)

Artes Visuais E A Educação da Sensibilidade
As Artes Visuais é uma forma de comunicação humana, que transmite informações, relações e causam sensações diversas nos indivíduos.
Através de signos, símbolos, técnicas, materiais, e das mais diferentes formas de linguagem, mensagens são passadas e transformadas em nossas estruturas mentais, desvelando descobertas inovadoras de nosso interior. Eles são meios de comunicação, sejam elas passadas de modo consciente ou inconsciente, ela causa algum tipo de sensação, comportamento em quem a aprecia. Ela comunica uma mensagem do autor para o espectador, é uma comunicação antes de tudo social.

Como qualquer outro elemento que integra a sociedade a comunicação somente tem sentido e significado em termos das relações sociais que a originam, nas quais ela se integra e sobre as quais influi. Quer dizer que a comunicação que se dá entre as pessoas manifesta a relação social que existe entre essas mesmas pessoas. Neste sentido, os meios de comunicação devem ser considerados, não apenas como meios de informação, mas como intermediários técnicos nas relações sociais.(BORDENAVE, 1993, p.12).

Cinema, teatro, televisão, ambientes virtuais causam as mais diferentes sensações, massificam a Arte e a popularizam, tornando um meio de comunicação acessível e de fácil compreensão perante o público.
Já no caso das artes bi e tridimensionais, a leitura das obras podem se tornar mais complexas. Mas, tal complexidade nunca deixa de trazer ao fruidor algum tipo de sensação.
Com as novas descobertas psicológicas e os novos movimentos artísticos da arte, as imagens do inconsciente vão ganhando importância, revelando uma verdadeira essência expressiva.
Sonhos, criações espontâneas, imagens delirantes, são exemplos de produções de obras expressivas que mesmo advindas do inconsciente podem causar sensações de angústia, medo, com uma lógica própria. Entender uma obra pressupõe uma inferência estabelecida pelas relações de idéias formadas pelas sensações combinadas com fatos e idéias, conduzindo a um processo de reflexão que ultrapassa qualquer outro tipo de leitura. O sistema nervoso apreende a sensibilidade no contato com o objeto sensível, transportando para o exterior em forma de comportamento.
“Por meio da arte as emoções tumultuosas tomam forma e são gradualmente despotencializadas, objetivando forças curativas que se movem em direção à consciência, isto é, à realidade”. (SILVEIRA-2001,p.17)


Referências Bibliográficas

BOAL, O arco-iris do desejo: o método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996
BORDENAVE, J. D. & Pereira, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis, Editora Vozes, 1993
BRAGA, Eduardo Cardoso. Arte e sensação: A natureza sintética da sensação na experiência artística segundo Gilles Deleuze. Revista Digital Art& - ISSN 1806-2962 - Ano II - Número 01 - Abril de 2004.
EDWARDS, Betty. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Tecnoprint, 1984.
JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo: Scipione, 1990.
PORTINARI, Maribel. Historia da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
FARIA, Márcia Nunes. A música, fator importante na aprendizagem. Paraná: Assis chateaubriand Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense, 2001.
SILVEIRA, Nise de. Mundo das Imagens. São Paulo: Ática, 2001.

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