domingo, 3 de maio de 2009

COMPREENDENDO O HOMEM NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

1.1. O Homem
O sentido de nossa existência é um tema presente e toda a História. Nos primórdios já se indagavam sobre a busca de nossa identidade e explicações para a nossa existência.
Segundo Cortella, Aristóteles afirmava que o homem é um animal racional; Platão, um bípede implube, Fernando pessoa que o homem é um cadáver adiado.
Na Antigüidade Platão, dedicou-se a elaborar uma tese sobre a busca da explicação do conceito Homem, como um todo, sendo então um composto que participa dos dois mundos, da junção de um mundo material que é o corpo e a essência que é a alma.
Passado o tempo, as ideologias de cada momento histórico, o mundo material passou a ser valorizado de modo que a essência foi se tornado insignificante para muitos estudiosos. Assim, o mundo em assumido um perfil materialista e o homem reflexo dele.
No século XX, com o surgimento de tantas novas ciências como a psicologia, a biologia, a sociologia, entre outras, o homem passa a ser estudado sob suas várias características tanto no aspecto físico como em suas relações com o meio. A psicologia passa a estudar os seus sonhos, seu mundo imaginário, o inconsciente, suas sensações, como se a dualidade da teoria platônica volta de alguma forma a contribuir de uma forma mais cientifica para a exploração do Homem, resgatando de alguma forma a sua essência. Na essência achamos o lúdico, o delírio, a afetividade, enfim o emocional.
As necessidades da vida diária, as atividades utilitárias, o comportamento social aparece intercalar as necessidades do corpo material e as necessidades essenciais.
O Homem não é só a junção do material e do emocional, ele é um ser com inteligência empírico-racional, que entra constantemente em conflitos internos entre a razão e a emoção, e por mais que a prática da vida contemporânea busca caminhar para a parte racional, o homem jamais aboliu o conhecimento simbólico, mítico, mágico e poético.

Existe ao mesmo tempo unidade e dualidade entre o Homo faber, Homo ludens, Homo sapiens, Homo demens. E, no ser humano, o desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais anulou o conhecimento simbólico, mítico, mágico ou poético.” (MORIN, 2000, p.99)

O equilíbrio entre o racional e o emocional deve ser a procura maior do ser humano, que através desde equilíbrio ele pode chegar enfim a felicidade.
A busca do homem sempre foi pela melhoria de vida, da satisfação individual, o que chamamos de Felicidade. Esta busca é a maior prova consciente de uma busca racional que está subordinada a uma atividade sensível. Assim, o homem deve ser visto não apenas como um ser racional, já que não existe razão se não aquela que nunca se desvincula com a imaginação, memória e sensibilidade, “o racionalismo que ignora os seres, a subjetividade, a afetividade e a vida é irracional”. (Morin, 2000, p.14)

“Para Aristóteles, a finalidade da ação humana é a felicidade, que, segundo ele, consiste numa atividade racional, própria do ser humano. Na Ética, o filosofo aponta como experiência da felicidade a atitude contemplativa e afirma que o homem deve subordinar a atividade sensível a atividade racional.” (RIOS, 2002,p. 119)

Assim, no entanto, o homem é um ser racional e sensível que busca em suas ações e pensamentos a Felicidade.

“Felicidade é aquele modo de estar-no-mundo que ninguém queria perder. (...) O modo feliz de ser-no-mundo corresponde a uma sentimentalidade inteligente, criadora e livre (...) O que Aristóteles diz, na verdade, é que a felicidade consiste em viver inteligentemente. E como (...) a inteligência do homem é criadora, trata-se, em ultima análise, de viver criativamente.” (RIOS, 2002, pp. 119 e 120).

A Mente Humana
A mente humana se distingue dos outros seres vivos por ser racional. A esta característica a ba se fundamental biológica está encarregada o cérebro. É através deste órgão que o ser humano pensa. O pensar é o fundamento básico que leva aos processos mais complexos como o questionamento, a reflexão, a ação, os movimentos, a reordenação, a tomada de decisões. Por isso, como diz Morin, investigar e compreender este processo é entender o pensamento, o sensório motor, o emocional, suas combinações que leva a integração e harmonia das ações humanas.
Cientificamente, atribui-se ao lado esquerdo do cérebro, o raciocínio lógico e a linguagem, e o poder de ser dominante ou o principal. Segundo pesquisas realizadas pelo Dr. Roger Sperry, brindado com o Premio Nobel d Medicina e Fisiologia em 1981, e sua equipe, lado direito torna-se subordinado ao esquerdo.
Esta pesquisa se tornou de vital importância para quem estuda os processos mentais em varias áreas, inclusive na educação.
Se entendermos os processos cerebrais, teremos como envolvê-lo e aproveitá-lo. Neste entendimento melhoraríamos as situações de aprendizagem.
Se hoje a educação se baseia em estudos psicológicos, sociológicos, antropológicos, para se conseguir teorias, o estudo da Fisiologia humana pode não só dar suporte as essas teorias como pode ser uma base fundamental pra dar valor real e verdadeira a muitas teses.

O aprendizado está ligado a uma facilidade de se aprender e compreender ou adaptar-se facilmente as situações da vida. (Ferreira, 2000, p. 395), em outras palavras saber tomar decisões, saber usar o que aprendeu. Em seu sentido mais amplo, “significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das coisas, escolhendo o melhor caminho.” (ANTUNES, 1999, p.11)

Segundo ainda Antunes, para essa escolha há uma ligação da capacidade cerebral, por isso a importância de se compreender os mecanismos cerebrais responsáveis pela aprendizagem.
Não entrando nos aspectos fisiológicos da questão, que não nos cabe como educadores, mas sim a outras áreas do conhecimento. Para a educação cabe-se entender o processo e apropriar-se dele.
Em se tratando do lado direito, as pesquisas levam a entendê-lo como a parte responsável pela criativa, afetividade, emoções e intuições.
Se, portanto, o lado direito está subordinado ao esquerdo, subentende-se que a melhoria na aprendizagem condiz em compreendê-lo e torná-lo mais usual.
O interesse pelos processos cerebrais e sua função sobre as ações humanas levaram para o final do século XX, começo do século XXI a um grande movimento de auto-ajuda, influenciados por filosofias orientais, e outras fontes em pesquisas neurológicas, tendendo a desenvolver o lado direito do cérebro, ou seja, o lado criativo. E intuitivo das pessoas. Com isso, surgiu vários cursos que se baseiam em metodologias aplicadas às artes, músicas e relaxamentos para essas finalidades.
Betty Edwards, doutora em Artes e professora de Desenho da Universidade Estadual da Califórnia, através dos estudos realizados pelo Dr. Sperry, desenvolveu um método para distrair o hemisfério esquerdo e deixar livre o lado direito para se manifestar. Em seu método utiliza música apropriadas para diminuir o ritmo cerebral e ajudar o lado direito. A intuição então age e a mente traz as informações na hora para o que se precisa, a tendendo as necessidades para quem busca a amplitude da vida.
Se o hemisférico esquerdo é o lado racional responsável pela aprendizagem racional, ligado ao hemisférico direito de forma complementar, ou seja, usar o intuitivo e o criativo, seria então a mesma coisa de se usar o que chamaríamos e emocional.

“Podemos dizer, portanto, que, dentro do crânio, temos um cérebro duplo dotado de duas maneiras de saber. O hemisfério esquerdo, dominante, analisa, abstrai, conta, marca o tempo, planeja cada etapa de um processo, faz declarações racionais baseadas na lógica.
Por outro lado, temos uma segunda maneira de saber: a modalidade do hemisfério direito. Nesta modalidade “vemos” as coisas que talvez sejam imaginárias – que talvez só existam nos olhos da mente – ou relembramos coisas que talvez sejam reais ... Vemos como as coisas existem no espaço e como as partes se unem para formar o todo. Usando o hemisfério direito, compreendemos metáforas, sonhamos, criamos novas combinações de idéias. Quando algo é complexo demais para ser descrito podemos lançar mão de gestos comunicativos ... E, utilizando o hemisfério direito, somos capazes de desenhar imagens daquilo que percebemos. (EDWARDS, 1979, pp.47- 48)

Gollemam, em seu livro, Inteligência Emocional, relaciona a aprendizagem ao emocional ao processo de memória. Ele explica o conceito do cérebro Racional e o Cérebro Emocional (conceitos desenvolvidos pelo Dr Joseph Lê Dors). Segundo sua explicação as informações captadas que se transforma em conhecimentos, ligados aos sentimentos chega aos centros cerebrais e dão origem às ações, emoções, instintivas ou racionais, e a inteligência que acaba estruturada pela inteligência instintiva, inteligência racional e a inteligência emocional, Que se completam, na sua totalidade, de forma harmoniosa racional, instintiva e emocionalmente, trabalhando de forma equilibrada, quando exercitada, treinada acaba educando. Assim, a educação ocorre quando aprendemos a aprender.

“A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas quanto mentais e afetivas” (RIOS, 1999, p. 46)

O conhecimento do conhecimento é a necessidade primeira. Segundo Cortella, ele também reforça o que Rios e Golemam defendem. O conhecimento não se reduz a modalidade cientifica, mas também a fatores estéticos, religiosos e afetivos. Para pensar conhecimento é necessário analisar o ser humano na realidade e em suas múltiplas dimensões. Os conhecimentos chegam até nós por dois caminhos pelos sentidos e pela razão.
Aprender pressupõe aprender um conhecimento. Conhecer um conhecimento é fator primário da aprendizagem. Compreender o ser humano, sua essência, se auto-conhecer passa a ser a prioridade de defesa da educação que pretendemos ter.

“Educação para a compreensão humana, (...) nela encontra-se a missão espiritual da educação: ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade” (MORIN, 2000, p. 93)

A Educação que a Sociedade necessita é uma educação que estabeleça uma relação com o mundo material e o mundo espiritual, que busque as verdades e oi conhecimento no interior do próprio homem, que redescubra suas verdadeiras necessidades, seus verdadeiros anseios e que supere os equívocos que a humanidade tem convencionado em termos de busca de sua auto realização.


Referências bibliográficas
ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional: Novas estratégias. Petrópolis: Vozes, 1999CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos. São Paulo: Cortez, 1999.
EDWARDS, Betty. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Tecnoprint, 1984. FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.
RIOS. Terezinha Azerêdo. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez. 3.ª edição, 2002.

Um comentário:

  1. Tenho que fazer uma tese defendendo que o homem é raciona na sociedade, vc pode fazer um post sobre isso?

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