domingo, 3 de maio de 2009

A Arte Essência da Formação Humana. O Papel da Arte Na Evolução

“Desde a antiguidade nas cavernas que o ser humano se expressa com a arte fazendo pinturas por toda parte cantando e dançando com as pernas Estudando o avanço das artes modernas apreciando o que é belo de se ver vemos que a arte é parte do ser que é racional e tem subjetividade Enquanto existir humanidade o fenômeno estético não irá morrer.” (GALLO,1999:92)

Ernest Fischer em seu livro “A Necessidade da Arte”, explica como a Arte contribuiu para a transformação do macaco em homem.
Pela sua forma de se apropriar e transformar a natureza, este ser primitivo, que um dia viraria homem foi criando instrumentos de trabalho que aos poucos foi facilitando sua sobrevivência. A partir deste trabalho de construção de instrumentos, uso das mãos foi essencial para chegar à razão.
A inteligência humana foi se estabelecendo conforme ele estava conquistando mais poder sobre a natureza.
Usar ferramentas de forma adequada para se conseguir um alimento é a descoberta que enraizou toda magia da arte.
O processo de transferência do uso da ferramenta para o pensamento, ou seja de aproveitá-lo para fazer algo que fosse uma benfeitoria a si mesmo, chega ao cérebro. A repetição destas experiências, a padronização da construção de ferramentas e de todo processo de uso das mesmas, trouxe o aperfeiçoamento não só no aspecto material deste objeto propriamente dito, mas um aperfeiçoamento cognitivo ao homem primitivo.
Biologicamente, este processo contribui para a sua mudança física, o uso de objetos feitos de pedras esculpidas que auxiliam a cortar alimentos substitui o trabalho dos dentes e das unhas no ato de parti-lo.
Homem passa a antecipar os resultados. Passa a produzir algo com a finalidade pré-estabelecida, a produção destas ferramentas, então se torna um fazer consciente.
Este processo favorece os seres humanos, e possbilita a esse novo ser que está se formando outras possibilidades e potencialidades. Nasce um tipo de comunicação. A linguagem através de sons articulados, entonações sonoras, rítmicas, imitações de gestos começam um desenvolvimento de vocabulário. Essas novas palavras que agora fazem parte de sua vida traz a tona a arte da gramática.
O homem se faz racional. A linguagem expressa seus reflexos, condicionados pelo interior do sistema nervoso dos seres, seus sentimentos, as emoções articulam-se então, a signos que adquirem semelhanças. A palavra estabelece como propriedade sobre os objetos. A consciência se estabelece, agora o homem começa a abstrair, conceituar objetos e identificar suas semelhanças. Os signos no seu grupo servem para organizar a coletividade, surgindo as primeiras sociedades.
O homem torna-se um ser ativo, sujeito de si mesmo e a natureza objeto dele. Aprendem a fazer trocas não só de ferramentas, mas de todos os bens que traz da natureza, alimentos e principalmente intercâmbios cognitivos, de se aprender a produzir algo, de usá-lo, de torná-lo de utilidade comum a todos do grupo.
O primeiro homem a fazer um instrumento, tornou-se o primeiro escultor, O primeiro a dar nome aa algum objeto, o primeiro artista da área. O primeiro a trabalhar ritmos, o primeiro poeta. O primeiro a se disfarçar para caçar o primeiro personagem teatral. O primeiro a se cobrir o corpo, o primeiro estilista. Todos se tornam pioneiros, os pais da Arte.




A Arte protagonista da Cultura
]Ao passar os séculos, o homem continua usando a arte como uma expressão direta de contato consigo mesmo, com a natureza e com sua adaptação com o mundo.Impulsionado pelo sentimento o homem inventa, se renova, sente as transformações do mundo e se ajusta a ele tanto em aspectos materiais como imateriais.
A arte não só contribui para a libertação individual da personalidade humana, mas cria e criou em todos estes anos uma identidade cultura em cada povo. Contribuindo par o mundo de se olhar o mundo, transformando o homem em agente transformador, que almeja através de sua auto-expressão objetivando difundi idéias, divertir e influenciar atitudes e comportamentos.
Individualmente, ela é libertadora da personalidade, onde o ser humano comunica sentimentos e pensamentos, valores e emoções.
Em se tratando em cultura coletiva, características espirituais, materiais, intelectuais e afetivas caracterizam um povo. Neste contexto as Artes conecta com o modo de vida influenciando este povo em relação a valores, tradições, crenças, em aspectos econômicos, psicológicos, simbólicos, consolidando uma identidade própria, uma imagem.




A arte como Conhecimento
As pessoas colocam em op emoção e razão, tendem a achar que a Arte é lazer, diversão, contemplação e objeto de consumo. Na escola, a arte é apenas uma disciplina que dá suporte a outras. Ignoram sua capacidade em ser e produzir conhecimentos.
Segundo Freitas, a Arte é vista como belo, quando associada a Renascença, como um contágio, no que diz respeito que o artista passa seus sentimentos para o leitor ouvinte e espectador, e que mais é comum no meio escolar é que se trata de livre expressão, que trabalha na dimensão afetiva do ser humano, ignorando dimensões humanas do caráter afetivo, cognitivo e social, ainda como interdisciplinaridade, ignoram-se as especificidade de cada área, e como objeto de consumo, a sua aquisição de obras de arte, proporciona status, passando a arte a ser algo elitizado, e contribuindo a exclusão social e cultural.
É preciso superar estas visões sobre a Arte. A arte é sobretudo uma forma de conhecimento, construção e expressão, como defende Freitas.

“Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.” (Barbosa, 2003, p. 18)

Cabe a nós educadores, refletir sobre a prática do ensino da Arte e colocar esta disciplina em seu lugar.
As palavras de Barbosa expressam a arte no seu todo potencial a de levar o aluno a construção, experimentação, expressão e reflexão de si mesmo e do mundo que o cerca, caminhando assim para um desenvolvimento de uma sociedade. Com ao equilíbrio entre a emoção e a razão que a muito tempo tem sido ignora no processo ensino-aprendizagem.

“As Artes fornecem um dos mais potentes sistemas simbólicos das culturas e auxiliam os alunos a criar formas únicas de pensamento. Em contato com as Artes e ao realizarem atividades artísticas, os alunos aprendem muito mais do que pretendemos, extrapolam o que poderiam aprender no campo especifico das Artes. E, como o ser humano é um ser cultural, essa é a razão primeira para a presença das Artes na educação escolar.” (Ferreira, 2001, p. 32)

O ato de se construir/fazer/produzir arte implica um processo que passa pela mente, pelos sentidos pelas emoções até chegar as mãos e concretizar o trabalho. Envolve um campo de conhecimento até mesmo inatingível pela lógica cientifica, tornando em suma muito mais completa por envolver o homem em todas as suas dimensões: cognitiva, afetiva e social.
Pela arte o homem tem criado sua cultura, transformando a natureza tanto no caráter técnico, racional e estético, alicerçando o trabalho.
Cada produção traduz uma visão do artista que vive em determinado tempo, o espírito da época, ideologias de classes e de grupos, valores presentes na vivencia e na criação num caráter intelectual além do emocional, revelando a idéia que a arte é conhecimento.
Conhecimento este que não deve ser considerado um meio para outras áreas do saber, mas deve se visto como um fim, um saber com suas próprias especificidades, com seus próprios objetivos e conteúdos, numa concepção que envolve beleza, simbologia e diversidade de linguagem.
Arte é um trabalho de pensamento emocional.
Repensar a aprendizagem artística envolve diferentes tipos de conhecimentos, criação de significações e é fundamental para a transformação do ser humano.

“Sem a nova arte não haverá o novo homem.” (Vygotsky, 2001, p.329)


Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mãe Tavares Bastos. (Org.) Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003. 184p.
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
FREITAS, N. K. Imaginário Comunicação e Conhecimento. Pelotas: Editora UFPEL, 2004.
GALLO, Sílvio (coord). Ética e Cidadania – Caminhos da Filosofia. 5. ed.São Paulo: Papirus, 1999.
VYGOTSKY, L. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário